21 de ago. de 2008

A Essência Numinosa das Manhãs

Ah...! Eu não sei
qual manha me levanta da cama
essa força que me joga no vertigo
e me exila do rastro das estrelas
Lançado frio no arrepio
do meio da manhã que já esse dia
-terrível macio clarão de luz severa-

Ah...! Sim!
Os gatos já dormem, ou não!
As aves já pastam no chão
Os cães enxugam o sereno que caiu-lhes
E os homens... uns cansados, outros exaustos de sono
vão encontrar seu dia inteiro
de labores & sabores... insignificantes no final das contas

Mas antes, no momento primeiro
A tristeza me abre os olhos
E a luz me acorda e concordo
que devo erguer-me - por enquanto-
reticências... é isso que é só o dia -
por enquanto...

E pela janela suja de poeira e poesia
Encaro o horizonte de casas e telhados em folia
entretanto... à 150 milhões de quilômetros
logo ali, naquelas árvores e prédios do bairro vizinho
A essência numinosa da manhã
se erguendo e argüindo de calor
o novo eterno dia que dura das seis às dezoito
leste – oeste...

Sim! Sim! Oh...! Sim! Meus olhos sabem e gritam
que meu corpo aceita & comunga esse alimento
de visão e química secretado na garganta
junto ao cuspe da noite que engulo com a luz
e a memória desse momento recorrente
Um brinde à ária do amanhecer
nas costas de meu olhar e dos telhados e copas de árvores
Oh...! Sono perdido, alegria encontrada...

Então cedo! Cedi! A sede do dia
Até mais meus sonhos inlúcidos!
Morpheus & Maria Callas, deixo-os, até mais...
E todas as ocupações da minguarana particular
Essa manhã exige vigilância
ao ritmo fluido de San-Ho-Zay
Suspenso o abandono do descanso
do ensaio da morte mitigar
-que teu julgo sobre mim seja sempre:
Despertar!

E quando...
a manhã acaba...
eu não sei!
Só sei que temos sempre... sempre...
mais...
Como ar... luz... noite... manhas...
estrelas e sonhar...
Somos sonhos...

15 de ago. de 2008

na estrada para longe de casa...

‘...que essa estrada fosse uma eterna reta e essa música tocasse para sempre...


...eu sei que isso seria a morte, mas seria um infinito momento de uma felicidade sem fim também!’


E eu escutei essas suas deliciosas palavras calado, Com o olho e a alma na estrada, desejando que essa morte chegasse logo...

Coda Sum Soma

Ventos a zero
Rumo a ficar
No mesmo lugar

Mover, vencer, sair
Deixar morrer
Desbotar é renascer

O ápice da época
É a morte dos Deuses
Manjedoura de Gênios

No chão vira terra
A terra é o lar
O lar útero é mãe/mão

Calor de Gaia
Febre das rochas
Pus de magma

Dissolve de eus
A alma tramada
Destino, sina, decisão

Tudo que é grande
Está em meio à tempestade
Palavra caos, silêncio carne

Meus ramos lúdicos
Derramam derrotas
Na rameira cisão


E prepara o escuro-cama
Escamas e pele de trocar
O vento a levar...