15 de jul. de 2013

A Dor Cósmica & o Êxtase de Nikola Tesla

I – Encontro com Tesla dentro das brumas elétricas do tempo comum
 
  A primeira vez que ouvi falar sobre Nikola Tesla foi em Outubro de 1989 por meio de uma revista em quadrinhos chamada “A Guerra de Luz e Trevas”, uma minissérie em 6 edições publicadas pela Editora Globo. A HQ foi escrita por Tom Veitch e desenhada por Cam Kennedy, sendo ambos seus idealizadores e criadores.

   Depois de passado à sucinta apresentação às idéias e invenções do engenheiro austro-húngaro (posteriormente iugoslavo e nos dia de hoje croata) na HQ onde se misturava os princípios científicos de Tesla e uma fantasiosa trama bélico-espiritualista, tive que esperar 6 anos até ter acesso a mais informações sobre o inventor, quando pude consultar enciclopédias na biblioteca da Universidade Federal de Uberlândia em Julho de 1995.
   No meio do caminho entre meu “primeiro contato” com Tesla na HQ e o “segundo” nas enciclopédias, um evento sincrônico veio carregar de energia minha curiosidade sobre o inventor e avivar definitivamente meu interesse nesse homem.
   Tal fato se deu quando um dia nos idos começo dos anos 90 do século XX liguei a TV, aparelho qual não existiria sem a contribuição decisiva de Tesla, e vi que estava passando um episódio do programa “Acredite se Quiser” onde era encenada uma das passagens da vida do próprio Nikola Tesla, e pela narração do programa era informado que o inventor era um dos homens que os poderosos do mundo faziam questão de que o grande público não viesse a ter alguma informação a seu respeito e principalmente sobre suas invenções.
   No programa diziam que a CIA tinha sob seu poder documentos de projetos incríveis de Tesla: raios de força mais poderosos que o laser, incríveis máquinas voadoras, campos de força que eram terríveis armas de guerra, etc.
   Diante meus olhos, naquela transmissão de TV foram-me então corroboradas todas as coisas incríveis que havia lido sobre Tesla na revista em quadrinhos e não sabia ao certo o quanto deveria dar crédito a tal e tal parte das informações divulgadas sobre Tesla na HQ. Acho que devo ter pensado: “Então é tudo verdade! E mais impressionante ainda!”, Tesla ganhava em minha imaginação o vulto de super-gênio renegado pela humanidade...
   No programa foi mostrado cenas da época com Tesla (o que hoje, tantos anos depois não sei dizer se foram encenações ou cenas verídicas) onde o cientista demonstrava seus incríveis experimentos com eletricidade, milhões de volts passando por seu corpo ligando com raios incríveis de uma torre de geração à outra receptora, lâmpadas e outros aparelhos sendo postos em pleno funcionamento sem a utilização de fios, apenas com a energia disposta na atmosfera e demais primores científicos que, como dizia o narrador do “Acredite se Quiser”, não se tornaram populares no meio empresarial da época (e para todo o sempre?), que visavam sempre cobrar pelo uso da energia elétrica, o que era impossível de se fazer com o modelo de condução disposto por Tesla.
   No programa, que só tenho gravado na memória, foi encenado como certa vez Tesla caminhava aprazivelmente em uma praça com seus companheiros nos Estados Unidos e lhe veio de súbito a inspiração de uma dessas máquinas incríveis, ele se jogou no chão e com a ponta de sua bengala desenhou todo o projeto da máquina já totalmente detalhada na terra, o qual foi imediatamente copiada para o papel por um de seus assistentes.
   E foi isso que me lembro daquele programa, que foram de certa forma as informações mais impressionantes que tive desse ilustre desconhecido e de toda sua genialidade. Nikola Tesla ganhara em minha imaginação o status de o mais incrível inventor da raça humana da contemporaneidade, e minha atenção ficou de vez sempre alerta para coletar qualquer informação que pudesse conseguir sobre o cientista e “mago” que ele foi.

   Até que então pude consultar em 1995 as já referidas enciclopédias na Universidade:

II – Penetrando com Tesla no tempo mágicko do espírito humano

   No decorrer de 18 anos depois dessa apresentação à vida e à obra de Nikola Tesla fiquei sabendo de muitas outras coisas a seu respeito, e com o acesso à internet pude saber muitas outras coisas sobre o inventor, e como seu nome está submerso na mesma bruma misteriosa que detectei nos primeiros dias.
   Em uma ocasião e outra cruzo com referências à Tesla nas leituras afins que me interesso, mas sempre nesses mesmos circuitos de magia e mistério, como nos escritos de Robert Anton Wilson (RAW), que fala sobre Tesla no seu livro “O Gatilho Cósmico” de 1997, e publicado no Brasil só em 2004 pela Editora Madras.
   No capítulo “A Conexão Sirius” do Gatilho RAW discorre a respeito do contato da humanidade com seres de outros planetas circundantes de estrelas distantes, entre elas, principalmente Sirius, onde ele descreve as interações entre os seres de Sirius e os seres humanos ao longo da história.
   Neste ínterim RAW introduz Tesla como “um Xamã Secular”, o qual passou pelo processo de iniciação xamânica de “morte-renascimento” durante sua vida, onde, como todos os xamãs, o indivíduo passa a desenvolver suas habilidades psíquicas de visionário depois de prolongados períodos de doença que quase os levam à morte. Isso aconteceu com Nikola Tesla várias vezes em sua vida.
   RAW credita a Tesla essa pecha de “xamã secular” por ele ter passado por essa iniciação de quase-morte e por depois em sua vida ter procurado usar sua genialidade no esforço de se comunicar com os seres de outros mundos com uso da tecnologia desenvolvida por ele e disponível em sua época. O escritor credita essa “iluminação” ou “gnose” adquirida por Tesla em 3 eventos principais:
   “1. As próprias visões, em algumas das quais Tesla literalmente entrava em transe e
         falava com entidades que somente ele via.
     2.Uma série de misteriosas doenças entre as visões. Em algumas delas, Tesla
        tornou-se agudamente sensível, a ponto de todas as percepções serem dolorosas
        (as cores eram mais brilhantes, os ruídos muito altos, etc.) Muitas vezes, Tesla
         quase chegava a morte provocada por uma aparente drenagem da energia vital
         que seus médicos simplesmente não podiam explicar.
     3. Depois da visão final, na qual Tesla ‘viu’ que tudo no universo obedece à lei das
         Oitavas, Tesla transformou-se numa espécie de vidente secular. Ele desenvolveu
         uma visão interna muito peculiar. Ele podia literalmente ‘ver’ em detalhes
         qualquer máquina por ele imaginada, até as microscópicas medidas e dimensões,
         como se ele estivesse usando ferramentas próprias para medir uma verdadeira
         máquina...”. (in “O Gatilho Cósmico”, pp.159 e ss. Editora Madras, 2004).

   Assim Nikola Tesla ganha na cultura ocultista atual um status de super-humano, o que nos dias de hoje tal amplitude de gênio foi creditada a homens e mulheres de caráter muito especial e com contribuições ao “Opus” do espírito humano de grande vulto, pessoas com faculdades únicas e impressionantes como Fernando Pessoa, Austin Osman Spare, Gopi Krishna, Carl Gustav Jung, Jack Parsons, Philip K. Dick, pessoas que de certa forma foram “deuses encarnados”, ou canais de comunicação desses “deuses”, com o intuito de fazerem avançar os paradigmas da consciência humana ao limites de seus tempos, ou até os extrapolando.
   Como não podia deixar de ser, esses homens, como Tesla, sendo mentes cósmicas amplas encravadas dentro do tempo do mundo que conhecemos como Terra, e nesses “tempos modernos” onde se opõe diametralmente o desenvolvimento científico do desenvolvimento espiritual, tais gênios não poderiam deixar de misturar em suas vidas e criações as facetas cientificas e espirituais, materiais e psicológicas, disponíveis no horizonte de eventos de sua época, mas sempre admoestando como visionários que são, o próximo passo dentro do tempo para a consciência humana, como desde sempre vem o fazendo o espírito humano como em Einstein e Bohr, Mozart e Beethoven, Da Vinci e Galileu, Voltaire, Nietzsche, Blake, Mani, Pitágoras, Parmênides, entre outros que souberam à sua forma unir o “corpo” e a “alma” na busca interminável pela transcendência de toda a ignorância que o mundo pode imputar.

III – As preocupações profundas de Nikola Tesla

      Depois de anos me familiarizando com consciências como a de Nikola Tesla, colhendo aqui e ali relatos de seus pensamentos e esforços, não é pequeno e nem medíocre as cercanias que cada mente desse tipo lança para nós simples mortais ponderarmos em nossas vidas cotidianas.
   Então nesse ano de 2013 finalmente chegou ao público brasileiro um livreto dos mais interessantes sobre Tesla, sua própria autobiografia, “Minhas Invenções”, lançado pela Editora Unesp, na tradução de Roberto Leal Ferreira.
   Quando soube do lançamento do livro fui correndo à livraria (pois nunca pude conseguir o livro “As Fantásticas Invenções de Nikola Tesla” publicado pela Madras), e para minha surpresa a autobiografia estava lá na estante da Saraiva me esperando em uma feliz noite de sábado de Julho. 
   Encontrei esse impressionante “livrinho” em um mês especial para o Brasil, onde impressionantes envolturas de energia psíquica e físicas foram disparadas pelo povo brasileiro nas ruas das maiorias das cidades do país, como se clamando por novos tempos.
   Vislumbres desse encontro já pareciam se anunciar a mim, pois semanas antes eu fui preenchido do nada pela vontade de assistir de novo o filme “O Grande Truque” (The Prestige) de Christopher Nolan, com Hugh Jackman e Christian Bale, onde o personagem de Tesla faz participação do enredo interpretado por David Bowie, o qual havia lançado este mesmo ano sua nova obra “pós-Heroes”, o CD “The Next Day”, o qual “caiu” também em minhas mãos minutos antes do livro de Tesla na loja Hypopotamos. Esse CD foi minha trilha sonora na leitura da autobiografia de Tesla. “Sincronias Teslanianas”, penso eu!
      Mas no “Minhas Invenções”, entre os relatos inocentes e profundos de uma mente ampla como a de Nikola Tesla, fui me aprofundando na senda de vida e pensamento deste cientista, sempre preocupado em ponderar o lado psicológico de sua genialidade, passagens narradas que me levaram a sentir a disposição simples e incomum que tal mente sugere quando mergulhada nas vicissitudes da encarnação, às vezes behaviorista, às vezes mentalista, como todo super-homem que não prescinde em nenhum momento do paradoxo para se expressar de forma mais precisa sobre si mesmo.
    Assim Tesla vai narrando certas passagens de sua vida. Em certo ponto ele relata como mergulhou em um estudo da Bíblia e declara ter descoberto a chave de interpretação do Apocalipse em meio de uma de suas crises de saúde e familiares.
   Ao ler essa declaração intui que tal chave apenas citada e não explicitada por Tesla deve ter a ver com a questão da energia no mundo, o que me remeteu à lembrança do filme “Southland Tales – O Fim do Mundo” de Richard Kelly, onde o Apocalipse também é tratado em uma vertente sobre a questão da energia dentro desta nossa civilização, mas isso é apenas um parêntese de reminiscência, sincrônica ou não, que deixo para o leitor se aprofundar depois daqui.
   Na autobiografia de Tesla o que mais me chamou a atenção foi no capítulo final do livro onde ele demonstra suas preocupações com o futuro da humanidade, ponderando sobre a questão da paz mundial ligada à questão do livre acesso humano aos meios de comunicação e transporte sobre a superfície do globo e como ligado à isso ele introduz o tema de sua “dor cósmica”.
   Ele versa sobre esses temas justamente no capítulo que trata de sua técnica “Teleautomática”, que visa controlar robôs ou autômatos à distância.

   Ali ele expressa suas preocupações mais profundas, como vencer a morte, por exemplo, ou como criar um autômato, o que ele diz ter realizado, com inteligência para reagir à sensações e propriamente pensar e responder questões quaisquer proposta.
   Nessas páginas Tesla relata estranha e vagamente como sua mente pode ter sido uma espécie de precursora da “Guerra Fria” posterior, quando uma tal “paz” foi alcançada no mundo mediante o equilíbrio por armas de destruição em massa onde não teria vencedores se fossem usadas. Tesla declara que isso seria alcançado com o uso de seu “transmissor amplificador”. Sabemos hoje que ele errou só a tecnologia que alcançaria esse armistício mundial, em vez de armas de raios foram os mísseis termo-nucleares.
   Na página 101 e seguintes ele faz impressionantes declarações sobre a guerra e a paz no mundo, ligados à questão da energia e da conectividade de informação no planeta:
   “A guerra não pode ser evitada até que a causa física de sua ocorrência seja suprimida, e esta, em última análise, é a vasta extensão do planeta em que vivemos. Só com o aniquilamento da distância sob todos os aspectos, como a transmissão de informações, o transporte de passageiros e suprimentos e a transmissão de energia, as condições serão um dia atingidas, garantindo a permanência de relações amigáveis. Aquilo que precisamos hoje é um contato mais próximo e um maior entendimento entre os indivíduos e as comunidades no mundo inteiro, e a eliminação da devoção fanática a ideais exaltados de egoísmo e orgulho nacionais, sempre prontos a mergulhar o mundo na barbárie e nos conflitos primitivos. Nenhum partido ou decisão parlamentar jamais poderá impedir tal calamidade. Elas não passam de novos meios de pôr os fracos à mercê dos fortes...
   ...A paz só pode vir como conseqüência natural da educação universal e da mistura de raças, e ainda estamos longe dessa feliz realização, porque poucos, de fato, hão de admitir a realidade – que Deus criou o homem à Sua imagem – e por isso todos os homens da terra são iguais. Há, na verdade, uma só raça, com diversas cores. Cristo é uma única pessoa, mas é de toda gente, então por que algumas pessoas se creem melhores do que as outras?” (Minhas Invenções, pp.101 e ss. Unesp).



   Discurso impressionante precedendo os esforços de homens como John Kennedy em sua luta contra os interesses ocultos dentro da nação Norte-Americana, à qual Tesla exalta como nação e povo até então guardiões dos verdadeiros princípios que então ele defendia no mundo para o avanço de um Estado Mundial de Bem-Estar para toda a humanidade em qualquer canto do planeta, os EUA, país que devia se desvencilhar de “alianças emaranhadas” para seguir como cabeça de lança da humanidade rumo à civilização perfeita.
   Tal vontade de potência do cientista me pareceu arquetípica quando li, e sua experiência de fazer uma onda elétrica percorrer todo o globo me pareceu como um ato psicológico que inaugurava ritualmente uma Nova Era para a humanidade, uma época de avanços tecnológicos e paz que visam levar o ser humano a finalmente expandir sua consciência para além de todos limites históricos impostos pela política nacional e mercantilista, assim como pelas religiões e pela “ciência oficial”, aliadas dessas instâncias retrogradas da mente humana que com seus atos e invenções Tesla visou superar.

IV – A Dor Cósmica e a magia de curá-la

   Ao final de sua autobiografia Nikola Tesla nos chama a atenção para uma constatação existencial que teve, seguindo intuitivamente as ponderações de pensadores místicos como G. I. Gurdjieff.
   Levado por suas atividades mentais de auto-observação nos momentos de doença e sofrimento, ele reconheceu que não passava de um autômato sem nenhum livre-arbítrio, escravo das forças do meio ambiente, que avassalavam os sentidos hipersensíveis que possuía. Ele concordava com outros pesquisadores de sua época que a luz exercia grande poder sobre o organismo humano.
   Ele escreve que “a imensa maioria dos seres humanos nunca está consciente do que se passa ao seu redor e dentro de si mesmos, e milhões são vitimas de doenças e morrem precocemente exatamente por isso”. (Ibid, p.105).
   Tesla declara que a causa de sentimentos como uma “súbita tristeza” ou uma raiva disparada por um ato banal poderiam ser descoberta na observação de que uma nuvem eclipsou a luz do sol que nos banha. E assim a maioria das pessoas confunde os sentimentos e experiências extra-sensórias que tem como sendo algo espiritual, quando em tudo procede mecanismos físicos naturais ao seres humanos, latentes em suas potencialidades mentais não percebidas ou praticadas e que ele crê que adquiriu junto com seu desenvolvimento intelectual.
   A “dor cósmica”, de que invariavelmente padecia, lhe atingia a partir do exterior. Essas forças externas, detalhou Tesla, jogam nossos corpos aqui e ali submisso à leis físicas e sociais ligados à preservação da vida, isso cria entre os seres humanos um laço universal invisível onde os organismos bailam na superfície do planeta, alguns organismos são sadios, outros não, e dessa interação interdependente se dá na existência a luta pela sobrevivência.
   Assim só em um mundo disposto ao máximo possível para nivelar as disparidades entre os organismos, uma sociedade munida de abundância de energia, livre movimento e acesso à informação, se poderia edificar uma civilização onde a paz predomina e a dor cósmica da indigência humana geral pudesse ser sanada.
   A dor cósmica se manifesta justamente no mundo através dos seres humanos, que tolhidos de suas potencialidades máximas, graças à biologia ou as tiranias dos homens, declinam em um mundo de sofrimento geral, onde os mais sãos são submergidos pelos deficientes, e o cerceamento à educação só aumenta a pulsão dessa dor no seio da humanidade.
   Interpretei essa “dor cósmica” referida por Tesla justamente como aquele “sofrimento” do existir que o Buda Sakyamuni se refere, a dor de certa forma se ter a potência de querer tudo, mas conseguir tão só ou menos do que o meio ambiente pode nos proporcionar. Mas Tesla parece dar uma passo além e ver que o ser humano pode transmutar seu ambiente com o uso da tecnologia para se alcançar certos graus de desenvolvimento que vão mitigando a precariedade da realidade e da natureza.
   Tesla relata como para entender e de certa forma combater essa “dor cósmica” ele criou uma série de mecanismos autômatos que para seu perfeito funcionamento era imprescindível o uso de transmissão sem fio para controlá-los. Quando apresentou os projetos finais dessa máquina ao governo Norte-Americano ele foi ridicularizado.
   Mas o inventor declara que tal sistema de “inteligência artificial” estava ligado à questão da mobilidade humana sobre a superfície do planeta e o uso de máquinas para realização de atividades braçais, provavelmente poupando o ser humano da labuta corporal.
   O que ao fim Tesla revela é que essa sua tecnologia foi incorporada ao que hoje podemos entender como o GPS e o sistema de mísseis teleguiados de precisão.
   De certa forma Nikola Tesla pode ser visto como uma espécie de “Oz” às avessas, “mágico e poderoso”, que veio a esse mundo trazendo suas inovações com a dose precisa de Hocus Pocus na medida em que nós, simples humanos, não entendemos no momento em que à primeira vista tomamos contato.
   Ele prescreveu contra a escravidão física e moral do ser humano uma corajosa e energizante dose de liberdade contra essas amarras.

V – Para além da dor e da restrição

   Isso, de modo claro se realiza não somente pelo gênio ou pelo super-homem, mas pelo homem comum, em sociedade, desde que essa sociedade disponha os meios de comunicação irrestritos e sem qualquer censura. Há de se ter também energia em abundância, que garantam o acesso a alimentos e sua distribuição correta e o acesso à informação, educação sem dogmatismo e liberdade de expressão, sem essas premissas nunca estaremos rumo a sermos livres da “dor cósmica” do automatismo biológico que nos assola naturalmente.
   Os movimentos de protestos realizados no Brasil nesses últimos meses podem ser expressão invariável disso. A soma do momento psicológico nacional infundido em nosso inconsciente com o bombardeamento de informações dos últimos anos sobre a energia disponível no pré-sal, do gás de xisto a nível internacional, a questão das tempestades solares que pulularam na imaginação mundial sobre o evento conhecido como “2012”, tudo isso pode ter ativado à nível psicológico a “primavera árabe” e a chamada “primavera brasileira”.
   É também mais fato histórico agora, do que somente uma mera atividade inconsciente aflorando para a realidade material cotidiana os casos de “vazamentos de informação secreta” do governo Norte-Americano que começou com o Wikileaks e agora se desdobra no caso de Edward Snowden onde a humanidade pode historicamente pela primeira vez reconhecer que o “O Grande Irmão” que “zela” por nós se materializou não no cenário da distopia comunista de “1984”, mas apresentou-se na forma real de 2013, pragmática, capitalista-comercial e tecnológica, que desbancou qualquer utopia sideral a la2001”, não deixando de ter passado antes pelos nebulosos eventos de 11/09/2001, a única e destrutiva odisséia daquele ano.
   Assim a humanidade vai de certa forma brutal tomando conhecimento das propriedades do tempo que marca nossa psique atual e as desenvolturas materiais que nossa civilização vai traçando.
   No meio disso tudo creio ser imprescindível para nosso desenvolvimento enquanto seres humanos conscientes e em evolução prestarmos atenção ao que pensou e criou homens como Nikola Tesla. Eu pelo menos presto atenção neles, sejam super-homens ou xamãs, sejam filósofos, poetas ou cientistas, os quais com seus êxtases de conhecimentos vão fazendo o avanço da consciência sobre a realidade material.
   A humanidade descobriu que pode usar os meios de comunicação livres contra o inimigo comum que o Estado infelizmente se tornou, creio também que é função não dos meios de comunicação em si, mas das consciências ativas que deles fazem uso buscar reverter os processos de autocratização políticas, militares e comerciais que tomaram conta do mundo, pois eles são justamente expressão da “dor cósmica” a que tão bem se referiu Nikola Tesla, esses processos são justamente a humanidade falha e limitada por baixo que tomaram forma de governo global, gerida pelos bancos centrais, as bolsas de valores e a detenção da produção de bens e energia nas mãos de empresas que visam tão somente o lucro financeiro e nenhum ganho humanista, sendo tal coisa apenas um efeito colateral a se obliterar no futuro assim que isso se torne um perigo à própria sobrevivência do Estado, como o ser artificial e inautêntico que realmente é.
   Em meus sonhos mais ousados, que não são poucos, eu vislumbro um mundo onde um homem ou grupo de pessoas possam finalmente realizar os sonhos de Nikola Tesla, passando por cima dessa realidade atual das coisas construindo enfim as máquinas teleautomáticas que garantiriam a independência da sociedade das empresas que hoje exploram a natureza e o ser humano em nome da ordem e do progresso.
   Esses homens e mulheres, é claro, precisariam em um primeiro momento de altas somas de capital para criarem esses aparatos que garantiriam energia barata ilimitada e acesso irrestrito à informação. Eles seriam super-humanos, magos, não-supersticiosos, poetas e dançarinos das estrelas, mas seriam mais humanos que as pessoas que hoje detém em suas mãos o poder financeiro do mundo, porque eles antes de tudo entenderiam que apesar da realidade estar aí fazendo joguetes do ser humano imputando toda sua dor cósmica à nossas almas, nós não somos aliados da dor e do sofrimento, nossa mente veio ao mundo justamente para saná-lo desses defeitos naturais, rumo à evolução, assim como Nikola Tesla acreditou.
   O que estaria na mente e no lema desses novos seres (que já estão nascendo, eles estão aí nas ruas protestando) é que a vida humana, apesar de tudo, tem valor imprescindível, e nenhum arconte do mundo, nenhum ditador, seja ele militar ou financeiro, podem para sempre exercer domínio sobre aquilo que por natureza também se distingue da própria realidade de dor de um mundo imperfeito, pois a mente humana já deu por demais provas incontestáveis de sua genialidade e perfeição, basta agora mais uma vez se tornar real o que a imaginação humana criou.



Final – Êxtases no tempo da imaginação

   O presente ensaio que se iniciou como uma disposição dos fatos que me levaram à proximidade e interesse com o pensamento e invenções de Nikola Tesla se desdobrou para além das premissas puramente culturais e intelectuais que o inventor causa em mim, ele se tornou um exercício da própria premissa de Tesla que na imaginação se constrói em perfeição o que depois se executa no laboratório.
   Como poeta gnóstico e livre pensador eu segui intuitivamente seu método genial, não dei ao mundo nenhuma nova máquina, mas coisas para se pensar, coisas que creio sincronicamente deviam ser expostas. Quem me ler e entender julgará a relevância do que expus aqui.
   Assim deixo uma última citação de Tesla, justamente o primeiro parágrafo da autobiografia de Nikola Tesla em “Minhas Invenções”, onde o circulo de meu próprio ensaio ruma a seu fechamento:
   “O desenvolvimento progressivo do homem é vitalmente dependente da invenção. Ela é o produto mais importante de seu cérebro criativo. Seu propósito final é o domínio completo da mente sobre o mundo material, a subordinação das forças da natureza às necessidades humanas. Esta é a difícil tarefa do inventor, que geralmente é incompreendido e não recebe recompensa. Porém, ele encontra ampla compensação no agradável exercício de suas capacidades e por saber que pertence à classe excepcionalmente privilegiada sem a qual a raça teria perecido há muito na dura luta contra impiedosos elementos”.
      E para concluir de vez o anel, retorno lá, ao começo de tudo quando conheci Nikola Tesla, as palavras da primeira página da HQ “A Guerra entre Luz e Trevas”, onde podemos ler o fruto da imaginação de Tom Veitch e Cam Kennedy:
   “No princípio, ó filho dos sábios, não havia nada * No fim, tampouco haverá * Entre esses dois extremos, tudo o que existe não passa de um sonho, um sonho de luz e trevas * A luz é nossa fonte e essência * Na verdade, nós somos a luz e a forma dada a ela * Entre o princípio e o fim, entre o nada e o nada, nós somos o sonho e o sonhador de tudo que existe * - da Escritura da Libertação Estelar dos Menteps, Capítulo 1, Versículos 1 – 4”

   Que possamos sonhar e nos inventar e reinventarmo-nos constantemente, para melhor, e o mundo conosco. 


4 de jul. de 2013

Surrealismo Enphlexyon: Fratura na Matéria

...fratura na matéria / trinca em profusão / todas as coisas / tornando-as infindas / A rachadura por onde a luz entra / a fissura por onde o desejo acode / a natureza por onde a existência penetra / Turbilhonicamente / se auto-refletindo / Edípico épico em cada fractal / de uma auto-observância comum / Assim eu encontro eu / & as coisas se conscientizam de si / sem consciência interior terem / Reflexões de reflexos do fim em si mesmo / Sonhos reais...
...fratura imaterial / que em profusão destranca / todas as coisas / abrindo o finito / A fenda por onde a luz  sai & foge / o abismo por onde o desejo se esparrama & renova / a recorrência por onde a existência se implica / Redemoinicamente / auto-replicando-se / Épico edípico em todos os fractais / de uma auto-relação incomum / Assim perco-me de mim / & as coisas se esquecem de si / com um inconsciência iluminadora / Irreflexões de reflexos do si mesmo em um fim / Realidade dos sonhos...
do concreto o lepus sai
pronunciando o céfalo que invade a realidade
vitrificamente se opõem como no espelhohlepse
a ave parda de menção calma
o ralo é sua divisa
a grelha seu abismo
e do concreto sujo de lodo e graspas
as carpas emergem para respirar do ar
que se curva na curva do fractal kalaschacritto
dando forma à 1/2 parte de do 1/4 total que se faz 1
pois toda essa pequena realidade
fuga insana do peso de trinta e nove dias
não se cheira nem na inspiração
mas é apenas o neutro do nada
que a mente adicta quer medosar
finalmente de sua loucura carência
exercícios de uma genialidade incompreensível
até se dia-gnósticada delirivm-tremvm
...!?!...