23 de dez. de 2013

Geografia Pneumática Gnóstica: O MAPA DO PLEROMA





   O Mapa do Pleroma é um diagrama desenvolvido pela escola gnóstica de Valentino que pretende dispor geometricamente e geograficamente o que seja a manifestação do Verdadeiro Deus, do qual nenhuma palavra pode dizer nada, assim o diagrama seria um esforço mental racional daquilo que se desdobrou a partir da Criação dos mundos pelo sonho desse Verdadeiro Deus de Profundidade & Silêncio.
   Essas figuras que compõem o Mapa do Pleroma, conforme lembra G. R. S. Mead, são INFINITAS, pondo em seu lugar  definitivamente que mesmo o esforço de se expressar geometricamente tais emanações, que ali mesmo onde as palavras calam e a disposição mental pura matemática age, ainda estão sendo tratadas de “coisas” metafísicas.

   Assim temos disposto:



1- O ponto superior no mapa representa então a Mônada Divina, BYTHUS (Profundidade), que é o Pai Desconhecido.
2- O grande quadrado central é SIGE (Silêncio), que é o atributo paralelo da Profundidade, sua disposição impenetrável, irreconhecível também. Esse Silêncio parece penetrar o próprio mundo material e cerca em sua atribuição silenciosa todas as outras representações.
3- O triângulo superior representa BYTHUS e o primeiro par emanado, a duade NOUS (Mente) e ALETHEIA (Verdade), a primeira Sigízia.
4- Dois círculos ligados ao triângulo superior representam CHRISTO e PNEUMA, que com o Pai Desconhecido forma a Trindade: Pai – Mãe – Filho, ou Pai – Espírito Santo – Filho.
   Estas são na verdade pós-emanações de Bythus & Sige que visam instruir e envolver a matéria, que provém da mesma fonte pleromática. Historicamente, esse “instruir e envolver a matéria” se refere à encarnação dos Kûmaras no mundo, que provêm à Humanidade o Ego Superior, no plano de liberação do Espírito da matéria.
5- O grande quadrado central traz em si a representação de duas duades, um par masculino (linhas verticais) e um par feminino (linhas horizontais). Assim temos LOGOS (Verbo – masculino) e ZOE (Vida – feminino), e ANTHRÔPOS (Homem – masculino) e EKKLESIA (Igreja – feminino).
   A disposição do primeiro triângulo (Tétrade) e do primeiro quadrado (Quaternário), contém em si a representação das potencialidades do Espírito e da Matéria, que ao todo formam 7 potencialidades de manifestação ou os Princípios da Verdade.
6- Vemos então o PENTAEDRO, ou o Pentagrama central. Este, segundo Mead, é o símbolo misterioso dos Manasputras (ou Filhos da Sabedoria). Ele representa 5 Sigízias, ou ao todo 10 Eons.
7- Permeando temos o HEXAEDRO, ou o Hexagrama, que representaM 6 Sigízias, ou 12 Eons.
   Nessa altura contamos ao todo então 28 Eons, que são as Idéias emanadas da Mente Divina do Pai Desconhecido, Bythus.
8- O Grande Círculo exterior é o Limite do Pleroma (ou da Completude), a fronteira no final da “manifestação” que separa o Pleroma do material inferior.
   É a Barreira de Fogo intransponível chamado HÓRUS. Esse círculo é emanado de Bythus, e é reconhecido também como Staurus (Estaca, Cruz). Hórus separa o Não-manifestado do Manifestado.
9- Abaixo de tudo, um círculo menor, relembrando a disposição “Assim em Cima como Embaixo”, está o HYSTERÊME, a Inferioridade ou Incompletude. Perceba a similaridade deste com Grande Círculo acima dele, como uma cópia imperfeita.
10- Temos imediatamente dentro do Hysterême um pequeno triângulo, este é o FRUTO COMUM DO PLEROMA com a Incompletude, é a manifestação daquela “pós-emanação” no mundo material do ESPÍRITO PRIMORDIAL emanado de Bythus & Sige (Profundidade & Silêncio) conjuntamente, onde o Silêncio da Profundidade parece se desdobrar dentro da Imperfeição, comungando ou unindo assim o Acima e o Embaixo.
11- Dentro deste pequeno círculo, abaixo do pequeno triângulo, encontramos CAOS, representado por um pequeno quadrado, conta a cosmogonia gnóstica que ele foi emanado pela Sophia, este é o Ektrôma (Aborto), ou a matéria primordial.

   Estas representações, como dissemos, são um esforço incomparável para se visualizar o Indizível, aquilo que está além do que as palavras podem expressar. No pensamento gnóstico elas possibilitam uma espécie de “êxtase racional” na consciência, que dispõe a mentalização deste esquema para muitos fins. Manter longe superstições e lendas pseudo-poéticas da Criação é uma função, meditar em silêncio e em profundidade sobre o Não-manifesto é outra função deste Mapa do Pleroma, uma espécie de gnose que pode ser repassada diagramaticamente para todos os que buscam a Sabedoria, em todos os tempos e lugares.
   Mas o Mapa representa ainda mais do que apenas aquilo que ele revela geometricamente, e essa é mais uma função que emana quando desenhamos ou visualizamos este Mapa do Pleroma.
   Ali, oculto, paralelamente à sua representação física se “fala” também de outras coisas. Como bem esclarece G. R. S. Mead, que “Além do Pleroma, ou tipo ideal de todos os universos, havia – o quê? SILÊNCIOS MAIS INEXPRIMÍVEIS QUE O SILÊNCIO E PROFUNDEZAS MAIS PROFUNDAS QUE O PROFUNDO!
   Esta é uma intuição que está além do próprio Ser e é a epigrafe que mostra como é vã todo conhecimento abrangido pela mente humana, o qual uma gnose só pode enfim ser um alento, um consolo, para que o ser humano persista em se tornar um ente pneumático, o que permite que o Espírito retorne por caminhos misteriosos e incompreensíveis no total ao Pleroma, de onde um dia veio.
   Apesar de ser um símbolo de uma gnose para todos os tempos e lugares, o Mapa do Pleroma ainda não passa de uma sombra, uma figura plana calcada sobre um papel. Porém, de sua bi-dimensionalidade o símbolo se ergue, adquiri movimento na alma e ganha vida no espírito, pois ainda ali, as representações geométricas estão sujeitas à leis do mundo, mas são leis que “desceram” com o Espírito.
   Mente, Correspondência, Vibração, Polaridade, Ritmo, Causa e Efeito, Gênero, estão todos dispostos nesse no Mapa do Pleroma, por isso ainda o que não está representado surge como intuição no que está representado. Seu “Além…”, essa é a grandeza deste diagrama, mesmo na finitude da representação geométrica.
   Pode-se ver na representação do mapa uma dádiva do Pai Desconhecido que “deixou” reconhecer geometricamente todas as disposições que reconhecemos no Mapa, o grande Hórus emanado de Si cerceando seu Silêncio, para que ele penetrasse na pequenez do manifestado, tendo assim uma extrapolação da Eternidade incompreensível dentro desta nossa indigência hilética
   Assim o Mapa do Pleroma é um SÍMBOLO VIVO, pois ele é um artefato de conhecimento nas mãos do ser humano Pneumático. Meditando sobre ele apreendemos diretamente Amor, mas também muito mais, uma Sabedoria que arrebata a mente e que faz-nos sentir como parte integrante da Criação.

   Muitos outros ensinos e muitos outros mistérios o buscador deve aprender sobre o que gira em torno dos conhecimentos gnósticos, e falar de um Mapa do Pleroma assim, partindo praticamente do zero, é apenas uma forma de incendiar as mentes para procurar por essas outras profundezas e adquirir esses outros silêncios em torno da Gnose.



   Todos estes ensinos estão aí disponíveis em livros de fácil alcance e em Escolas Iniciáticas, que todos com capacidades intelectuais e pneumáticas podem adentrar. As portas ainda estão abertas…
   Este Mapa do Pleroma exposto aqui na Textura desse Abismo chamado Consciência é apenas uma “relíquia” que visa insuflar corações e mentes.

   Um dia, quando o ser humano desenvolver um órgão mental que possa finalmente ponderar sobre sua posição cósmica, aí então trilharemos firmes pelas linhas deste mapa que restabelecerá e afirmará a certeza de que por esta senda nos reconheceremos como verdadeiros Filhos de Deus, e seremos como Ele, deuses.

“Por quanto tempo serei indulgente convosco, por quanto tempo padecerei por vós? Vós ainda não sabeis e sois ignorantes? Não sabeis e não entendeis que sois anjos, arcanjos, deuses e senhores, todos governantes, todos grandes invisíveis, todos do meio, daquela região que está à direita, todos os grandes e as emanações de Luz como toda sua glória, que vós sois tudo, de vós mesmos e em vós mesmos, de uma massa e uma matéria e uma substância?
Quando, portanto, o Salvador disse essas palavras, os discípulos aproximaram-se e clamaram todos juntos dizendo:
‘Ó Salvador, vós nos animastes com o excessivamente grande frenesi por causa da altura transcendente que vós revelastes para nós, e vós exaltastes nossas almas, e elas tornaram-se caminhos, nos quais viajamos para ficar junto a vós, pois eles aparecem de vós. Agora, portanto, por causa das alturas transcendentes que vós revelastes para nós, nossas almas entraram em frenesi, e elas labutam imensamente, ansiando saírem de nós para a altura da região de vosso reino’”. (in Pistis Sofia)


“Pax, Konkx!”
      “Hay Kie!”
 

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