24 de mai. de 2016

na luz

...
passei por todas as portas
que abrem para dentro & para fora
procurando uma cor
mais clara que a branca
...
fui até onde
o longe se perde no aonde
tentando achar
a palavra que te chamasse sem chamar
...
em volta do fogo,
que queima em ardor,
senti o calor de ninguém
que queria que fosse de você
...
no ar que respirei
que aspirei ser o hálito seu,
sufoquei a vontade
de te querer por querer
...
enquanto você mudava
desconstruindo a memória de outrora,
fui aprendendo que amar o que não se vê
é a forma de amar sem poder perder
...
das portas
das cores
do nome
no ar, na luz que partiu
...
permaneci fiel às três letras
que fazem jus à sua essência,
& depois da distância
encontrei no longe o lembrar
...
longe de tua luz
longe de te encontrar,
o que fica de bom no exílio
é só a sensação de poder tornar
...
distância total
eclipse do revelar,
eu fico no escuro
até a luz me levar.

...ela tem um nome
         que eu guardo
                                na luz
                                do fogo
                                da memória
                                                   enquanto aprendo a te encontrar...


3 de mai. de 2016

Dos Sonhos

Por que a flor inexistente é mais flor que todas as flores,
por que a Criação já pode criar somente através do homem,
 por que é somente através de nós como agora que há criação?
Rilke



A Flor Inexistente
Desabrocha diante de meu olhar fechado
Traz a mensagem carregada de coisa nenhuma...

Estou no centro do círculo
& daqui enxergo todo o desfile de  i n s i g n i f i c a d o s
Crio a mim mesmo, destruo a mim mesmo...

Fala a fonte do oceano eterno dentro desse corpo
Sobre aventuras percorridas sem nenhuma novidade
Que encantam o espírito, chamando-o de volta ao lar...
Nada!

As paredes da realidade são construídas de energia negativa
Nossas agruras são os únicos sucessos que teremos
O eterno retorno às vezes vacila
Para engendrar na senda uma flor que desvia-nos do caminho.

São crateras de espinhos gozosos
São arquiteturas de açúcar & fel
Véus de cores incolores,
Lugares nunca vistos tão comuns...

Deus, morto, na encruzilhada do tempo
Ainda vive dentro de cada um
Que o nega em sua crença tão arraigada
Que ele esteja sempre ressuscitando...

Não há sentido nenhum na vida
E isso me enche de alegria;
O mundo pode ser aquilo que eu digo que é:
Pensamento de um demiurgo
Eternamente ecoando em um lugar sem por que!

Eu só sonho
Para marcar minha presença
Em um círculo fechado

Que está preste a se desfazer.